quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

...Ateu, Crente e Religioso

Deus existe, para os crentes.
Para os não-crentes o início da mais ínfima partícula que deu origem a outra, que deu origem a outras, que se juntaram e deram origem ao big bang, que deu origem ao que existe, faz parte de uma concepção como o crescimento exponencial matemático, ou seja, podemos dividir e dividir, diminuindo cada vez mais a unidade, milhões e milhões de vezes mas nunca chegaremos a zero. Não há zero.
Para os crentes a história é outra. Deus criou o início, e a partir daqui separamos o conceito de crente e religioso.
A crença do Homem provém da sua imperfeição e fragilidade, isto porque o Homem não acarreta com tudo nem suporta pesados fardos sem por segundos de consciência se desligar da sua inteligência e apelar a favores divinos, não em todos os momentos da sua vida. O crente mistura a sua mente culta, "não-religiosa" e cientifica com a crença de uma "força maior", uma vida em que matéria é matéria, e tudo provém de cálculos matemáticos e de pares acção-reacção, até certo ponto... Quase como o "dedinho divino" que se mete em certas alturas, enquanto que noutras a vida decorre "ateumente". Este crente não se rege por religiões por várias razões; por hipocrisias dos lideres e congregações, por guerras com origem em fanatismos religiosos, e porque todas as religiões seguem textos ditos sagrados escritos por Homens mortais que afirmam ter ligações ás divindades, textos trabalhados e filtrados seguindo regras e costumes de épocas, e que não fazem sentido ser aplicados aos tempos modernos tendo em conta os princípios que a sociedade actual apresenta.
Como disse aqui separamos os crentes pois, para estes Deus criou o inicio, somente, o resto foi resultado de reacções químicas, já para o religioso Deus criou um inicio, meio e fim, diferente em alguns (se não em todos) livros.
O religioso é aquele que teme a Deus e ás suas representações na terra, seguindo meticulosamente os textos sagrados como história de vida (não querendo dizer que cumpram as suas regras mas sim que seguem as suas doutrinas) suprimindo factos com ensinamentos religiosos, assim, se alguém sofreu foi porque ou Deus o quis, ou o karma equilibrou as coisas, os Homens não são descendentes de macacos mas descendentes de Adão, e noutras religiões ainda, as mulheres são "acessórios sociais".
Na religião há um respeito a Deus mas com conotação de "medo", em que quase tentam forçar a mente a pensar coisas que deixem as Divindades felizes e de bom humor, evitando males maiores.
Frente a isto muitos poderão pensar que a religião tem os dias contados, pois eu digo nunca. A religião cria e invoca a fé nas crianças ainda novas, após isso e enquanto estas estudam e vasculham o mundo com perguntas vai gradualmente sendo enfraquecida. Se perde mais respeito e carácter está criado um Ateu, mas se por outro lado é retirada das cinzas, revista e moldada aos dias de hoje, com regras, "fé-aciênsada", e humanismos, em que o sentimento é o guia para o bem, temos aqui criado um ramo ou até uma nova religião que não tem, necessariamente, de alimentar as massas, desde que faça realmente feliz quem a criou; alguns chamam-lhe filosofia, mas não é mais do que um estado de serenidade psicológica.

4 comentários:

T.S.S. disse...

Gosto da distinção entre crente e religioso.
Acho importante agirmos como indivíduos, pensarmos pela nossa cabeça e sermos críticos.
Pouca gente o faz.
Para mim não faz sentido uma pessoa seguir uma religião sem usar o seu sentido crítico. Isso é uma coisa da idade média, que foi uma desgraça por sinal...

(T.S.S.)

Francisco disse...

Exacto, e isso é por onde devemos pegar, e não pela religião em geral. O facto de criarmos uma religião que mais se adapta moralmente, sem entrarmos numa religião como que anárquica, é um potencial factor que puxe mais as pessoas, não só a seguirem algo mas principalmente, e como falei, a atingirem a serenidade.

I’m just a full disse...

seria preciso ter a disposição, a cultura e a inteligência para pensar um Deus maior.
é pretencioso achar cabido pensar tudo sem eufemizar a suposta figura divina.
Mas já que nem podemos pensar o momento, e só sentimos o que é passado, valerá a pena crer numa totalidade antiga, mudada a cada fracção de tempo?

Se os sentidos não nos permitem captar o imediato na sua mais ínfima parte sem desfasamento, como poderemos pensar uma religião, um deus, uma utopia, sem cair no erro de achar válido o que passou.

em vez de criticar dogmas e ritos, porque não tentar pensar para além de passado e futuro, para lá do que foi escrito e do que foi previsto?

Não estará Deus contido na universalidade de um instante?

Kate disse...

És o homem da minha vida, Frank Sinatra 8D