terça-feira, 20 de outubro de 2009

...Parabéns

Era assim em 74. Avó, Avô, Tia, Prima, provavelmente Tio a tirar a fotografia e a Mãe com ramo de flores iam esperar o Victor que chegava da guerra da Guiné. Iam no Simca do Tio Jorge que nunca cheguei a conhecer porque fumava muito, só sei que me deixou a cana de pesca. Ainda o meu Avô tinha umas costas de ferro e andava elegantemente pelas ruas, e elegantemente a minha família se vestia com as criações da minha Avó. Que costureira! Só me conta que fez os vestidos de casamento para a rua inteira naquela altura. Rua essa agora sem as pessoas de ontem,que com o tempo foram fugindo para outros lados, e que a deixaram para trás, os primeiros a construirem casa alí. Reparem a minha mãesinha novinha, tinha 25 anos.
Fez agora 60.
Parabéns.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

...A Morte

As pessoas têm medo de morrer. Medo que o mundo continue a funcionar e se esqueça de nós... Medo de cair no esquecimento.

(em papel)
"Chegas a um ponto da velhice em que não te mexes, não trabalhas, ficas sentado a dormir, a pensar,a ver as pessoas passar, um ponto em que te desligas e ficas em 'stand-by'...
É a espera. A espera da morte. O ponto em que damos por nós tão debilitados que a nossa melhor amiga é a morte, porque nos corta com o sofrimento, e nos termina com o tédio da velhice e da incapacitez de fazer as mais simples coisas da vida. Sentado num sofá, com a bengala ao lado, sentindo o tempo passar da mesma forma que no dia anterior. Esperando pela sua vez."