domingo, 12 de outubro de 2008

...Os gostos

"De gustibus non est disputandum" diziam já os romanos à muitos anos atrás e com razão, "Gostos não se discutem". Também poderemos nós dizer "Diz-me os teus gostos e dir-te-ei quem és".
Quem nunca esteve à conversa com alguém e, perante os seus gostos musicais, formas de vestir, ou até o ambientador que usa no carro, formou desde logo uma impressão baseada nestas mesmas escolhas?
Todos os dias ao ir para o trabalho socializamos, e com o simples "bom dia" tomamos a pessoa pela tendência exterior e aparente que faz trespassar para o lado de fora do ser. Em certa parte dos casos, os estereótipos com que avaliamos e julgamos estão certos, mas vamos com calma, nem sempre um amante de musica clássica é simpático, consciencioso e emocionalmente estável, e nem sempre um amante de rock é menos simpático e menos religioso e conservador, como em tudo há excepções.
Difícil para nós é acertar quando julgamos alguém pelo seu gosto. É preciso saber decifrar o "código do gosto".
Atrás utilizei a expressão "emocionalmente estável", sendo este um exemplo deste código. Se um individuo se identificar mais com o tipo de musica romântica, ou que por exemplo retrate a vida dura de um cantor com infância difícil que vivia na pobreza de um bairro social e problemático é emocionalmente instável. Mas os tipos de personalidade não se associam sempre aos estereótipos. Tentemos então arranjar outra explicação para o individuo que se identifica com este tipo de musica. Uma pessoa de mentalidade aberta e apta artisticamente é o tipo de pessoa que não se contenta só com o que é comercial e socialmente bonito, mas que busca o não normal, procura novas ondas para além do seu gosto já estabelecido e por isso explora todas as opções possíveis. Assim sendo, mesmo que o seu gosto se situe no jazz, ela busca conhecer o rap. Este tipo de pessoas são fáceis de avaliar, têm a casa cheia de livros, cd's e dvd's e geralmente são de mentalidade mais aberta que as pessoas mais conservadoras.
Descodificar a pessoa através do "código de gosto" não é uma ciência exacta e requer muito trabalho de observação e atenção a todos os aspectos quotidianos que a outra pessoa leva.
Mas talvez devêssemos olhar as diferenças de gosto não como uma forma de pôr de parte, ou de ignorar a pessoa, mas como uma forma de aprendizagem, uma forma de auto-revelação onde pudéssemos descobrir novas fontes de inspiração, novos gostos e novas formas de viver a vida.

Sem comentários: